Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Ophélia

Livros. Filmes. Música. Poemas.

Ophélia

Livros. Filmes. Música. Poemas.


Publicado por Patrícia Caneira

04.04.20

4FB93BCA-088C-47F5-ADD4-199E3BBC7697.JPGAinda 2020 mal tinha começado e eu já estava agarrada ao primeiro livro do ano, escolhi começá-lo no avião, enquanto regressava da mágica viagem a Paris. Em noites de passeio pelo site da Wook surgiu-me algures "As Raparigas" de Emma Cline. Não foi certamente a capa que me encantou, já que a rapariga hippie em tons rosa não me faria roubá-lo de nenhuma estante, mas uma história que acontece no verão de 69 lá para os lados da Califórnia pescou-me o olho e o livro chegou-me como prenda de Natal. 

O ínicio foi fácil, Emma Cline não complica a leitura, muito menos nos exige uma concentração desmedida, mas aquilo que à primeira vista parecia ter todo o potencial do mundo, foi perdendo o interesse. Não sei se culpa da narrativa que não me prendia, se culpa de estar de regresso a casa já com saudades de ouvir falar francês. 

O que é certo é que o livro devia ter sido lido em janeiro e só o consegui terminar a muito custo lá para meio de fevereiro. E isto é uma vitória para mim que nunca conseguia terminar livros que não me encantassem. 

Evie é uma adolescente solitária que se confronta com o interesse pelo irmão mais velho da melhor amiga e o desinteressante quotidiano de uma verão quente. Ao passear pelo parque como já era habitual confronta-se com um grupo de raparigas distintas, que se vestiam de forma descuidada e não pareciam muito limpas. O interesse rapidamente passa a obcessão e Evie acaba por se juntar ao rancho, liderado pelo músico Russel.

Pobres raparigas. O mundo engorda-as com a promessa de amor. Com que desespero precisam dele e tão poucas são aquelas que alguma vez o terão. As canções pop que passam e repassam, os vestidos descritos nos catálogos com palavras como "pôr do sol" e "Paris". Depois, os sonhos são-lhes roubados com tanta violência; a mão a retorcer os botões dos jeans, ninguém a olhar para o homem que grita para a namorada no autocarro.

Desde o início da obra que sabemos que algo acontece no final, algo traumatizante que mudou para sempre a vida da personagem principal. Durante os capítulos é interessante vê-la descobrir os segredos do mundo, desde as drogas ao sexo e ao poder. A autora descreve de forma muito simples as complexidades e tormentos que enfrentavam as adolescentes dos anos 70, sem tornar a história vulgar.

Mas é o ritmo do livro que me incomodou. Passamos muitas páginas no rancho, nos encantos hippies e na espiral livre em que Evie se vai perdendo. Temos ainda a Evie adulta que luta contra os demónios do passado mais uma vez sozinha e depois temos um final que não choca, nem incomoda, mesmo estando carregado de crimes. 

É aqui que a obra perde a força, talvez por nos dar logo tudo e não guardar a reviravolta para o fim. Confesso que me soube a pouco e daí o quase aborrecimento que me impediu de o terminar a tempo e horas. No entanto, não é livro que se deite fora. Mas confirma-se porque não o roubaria de estante nenhuma.

As Raparigas 
Emma Cline
272 páginas
★★☆☆☆

Sobre mim

foto do autor

Ophélia está a ler

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2022
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2021
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2020
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub