Publicado por Patrícia Caneira
06.07.20
A minha terra tem gente com muitos anos,
Que nunca vergou com o tempo.
Mas a minha terra também tem gente que ainda agora nasceu,
E já fala de punho feito nas raízes que ali criou.
Da minha terra saem homens e mulheres que trabalham de sol a sol,
Que chegam ao fim do dia em busca de uma lareira que crepita devagar,
E anuncia na vizinhança que ali mora alguém.
A minha terra tem gente que com as mãos deu à luz,
Amassa o pão,
Sente a água fria do tanque,
E borda com cores vibrantes os tecidos brancos escolhidos a dedo.
A minha terra não é paragem de turistas,
Mas é morada de casa.
A minha terra é mais do que uma igreja,
Mais do que bancos de jardim.
Mais do que largos ocupados por pedras da calçada.
A minha terra é feita de gente.
Gente que lhe dá nome e história,
Que recebe todos os que passam de sorriso largo e voz alta.
Não fosse esta gente, verdadeiramente ribatejana.
A minha terra é feita de alma,
Que está presa dentro de toda esta gente.
Que se esconde no luto que veste,
Nas músicas que canta,
E nas flores que colhe dos quintais.
A minha terra é a mais bonita do mapa,
Mesmo que por vezes nem lá apareça.
E é no segredo escondido da charneca,
Que vive a minha gente,
Alimentada a alma e tradição.
Patrícia Caneira