Publicado por Patrícia Caneira
21.01.22
O final de semestre para mim é sempre caótico, passem os anos que passarem, o mês de janeiro envolve sempre muita dedicação, concentração e confesso, alguma ansiedade.
Por essa mesma razão sinto a necessidade urgente de ler e escrever sobre outras coisas. E nada melhor para desanuviar do que vir aqui falar-vos do primeiro livro do ano: Verity. Pois é, rendi-me à autora da moda, a maravilhosa Colleen Hoover e embarquei a minha primeira leitura com o livro que lhe foge mais à regra e que nos chega em jeito de thriller.
A primeira coisa que me fascinou, e que tenho descoberto ao longo do tempo, é que gosto de leituras fáceis. Não digo que não seja desafiante ler Vargas Llosa ou Saramago de quando em vez, mas confesso que já lá vai o tempo em que sentia algum tipo de vergonha por me saber muito bem ler coisas mais leves, de linguagem fluída e que não têm um caratér de leitura alternativa intelectual. Sim, porque para isso já me bastam as centenas de artigos científicos que leio por mês.
E foi mesmo essa facilidade de leitura que me permitiu acabar o Verity em pouco mais de uma semana, aproveitando as pausas no estudo e o sol de Inverno que tem tomado conta do mês de janeiro.
As personagens são interessantes e o plot twist também se torna delicioso porque não é bem aquele que suspeitamos desde o ínicio do livro. Ou melhor, o que suspeitamos, pelo menos pelas opiniões que tenho lido, também acontece mas há mais emoção naquele final do que se previa. E isso agrada-me. Confesso que me lembrou várias vezes os livros da Paula Hawkins de quem também gosto muito, sendo que ao nível do thriller parece-me que A Rapariga no Comboio e o Em Águas Sombrias estão num patamar bastante acima.
Verity conta a história de Lowen Ashleigh, uma escritora com pouca confiança no seu trabalho que decide aceitar o desafio de terminar uma famosa série de livros da autora Verity Crawford, que ficou incapacitada depois de um acidente grave. Para conseguir escrever como ela e dar continuidade aos livros, Lowen muda-se para a casa da escritora, onde vivem também o marido e o filho. É então que no meio das memórias de Verity, Lowen encontra uma biografia que a deixa noites a fio sem dormir e a desconfiar que algo ali está mal explicado. Na luta por perceber os seus sentimentos (amor, culpa e desejo), Lowen enfrenta ainda históricas traumáticas, muitas vezes dificeis de perceber se aconteceram na realidade ou são apenas uma desejo literário que ficou por publicar.
Um escritor nunca deve ter a audácia de escrever sobre si mesmo, a menos que esteja disposto a separar cada camada de proteção entre a sua alma e o seu livro.
De uma maneira geral, gostei bastante deste livro, não só porque me prendeu à história ansiando o que vinha depois mas também porque me fez imediatamente comprar um outro da mesma autora e isso meus caros, é talento. Por isso mesmo, vou já a meio do Isto Acaba Aqui, um romance muito mais focado nas origens de Colleen Hoover e do qual estou a gostar ainda mais.
Fica o restante feedback para quando terminar mas já me sinto na legitimidade de afirmar que Colleen Hoover veio para ficar e que poucos serão os leitores que não quererão passar os olhos numa das suas obras. Pelo menos deste lado, sinto que não me ficarei pela segunda.
E por aí, já leram alguma coisa da autora? O que recomendam?
Verity
Colleen Hoover
320 páginas
★★★★☆