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Ophélia

Livros. Filmes. Música. Poemas.

Ophélia

Livros. Filmes. Música. Poemas.


Publicado por Patrícia Caneira

01.02.22

Isto Acaba Aqui de Colleen Hoover ou como ficar de coração partido após 336 páginas, foi o segundo livro que li este ano e... meu deus! Se eu achava que já conhecia todas as manifestações de sentimentos que existem, com esta obra aprendi umas quantas outras! Dei por mim a rir à gargalhada, a levantar a sobrancelha em jeito desconfiado e a chorar compulsivamente como se aquela história fosse minha. E é. É de todas nós. 

IMG_3884.jpg

Esta é talvez uma das obras mais conhecidas da autora, que não parava de me aparecer como sugestão em tudo o que era rede social. E talvez por isso, e também por ter gostado de Verity, foi a minha escolha para ler nos últimos dias de janeiro. E não será surpresa depois do meu primeiro parágrafo dizer-vos que adorei!

A essência de Colleen Hoover é esta, romances com personagens comuns e histórias que envolvem amor, drama, perda e dor. Isto Acaba Aqui (ou It Ends With Us, na sua versão original) conta a história de Lily Bloom, uma jovem de vinte e cinco anos que acaba de se mudar para Boston após a morte do seu pai, com quem mantinha uma relação fria e distante marcada pela violência doméstica de que a mãe fora vítima. E é no dia do funeral, que conhece o neurocirurgião Ryle, um homem que Lily montou como perfeito: bonito, rico, inteligente. Tudo parecia alinhar-se nos astros - os dois envolvem-se,  Lily abre o seu negócio de sonho e Ryle é escolhido para fazer uma cirúrgia de risco que lhe iria garantir um currículo invejável. Até que numa noite com vinho a mais as reações de Ryle começam a indicar sinais vermelhos.

E, por muito difícil que esta escolha seja, quebramos o padrão antes que o padrão nos quebre a nós. (...) Os ciclos existem porque é extremamente doloroso quebrá-los. É necessária uma quantidade astronómica de dor e de coragem para quebrar um padrão que nos é familiar. Por vezes, parece mais fácil continuar a funcionar de acordo com os mesmos ciclos que já são familiares, ao invés de enfrentar o medo de dar o salto e de possivelmente não aterrar de pé.

A partir desse momento embarcamos na dura vida de Lily, uma filha de um agressor que desde sempre questionou como a mãe nunca o deixou, a ex amante de um sem-abrigo que agora está em Boston e é um reconhecido chef e a mulher de um homem perfeito, que diz que a ama logo depois de a agredir. Esta viagem, é intensa e deixa-nos com um sabor amargo na boca quando vemos que mesmo reconhecendo o padrão, Lily não consegue fugir.

O final do livro traz consigo um epílogo, onde Colleen Hoover explica o que a motivou a escrever este livro, como uma homenagem mas também um esforço de tentar calçar os sapatos de quem vive esta luta diariamente.

É uma história que surge como um soco, que nos envolve e nos recorda que a violência doméstica está presente. Por vezes somos os personagens principais e por vezes somos meros figurantes. Mas todos, sem exceção, devemos ser uma porta aberta para quem precisar de sair. 

A quem precisar dela: Linha de apoio à vítima - 116 006

Isto Acaba Aqui
Colleen Hoover
336 páginas
★★★★★

 


Publicado por Patrícia Caneira

06.06.20

Esta minha rúbrica costuma falar de filmes, séries e livros. Mas hoje falo da vida real, aquela a que temos de assistir sem comprar bilhete ou fazer uma conta na Netflix.

Cada vez mais sinto que este ano veio para nos fazer questionar, refletir e principalmente para nos incomodarmos com a nossa própria existência. Somos uma sociedade doente. Os protestos dos últimos tempos não deviam ser necessários em 2020 mas são, mais do que nunca. E é por isso que tenho andado mais distante das redes sociais e da internet, tenho aproveitado para me informar, para ler nas entrelinhas, para procurar refletir sobre os erros que até hoje tenho cometido em prol da ignorância. 

Não chega ser contra a violência, a descriminação e a intolerância. É preciso mais do que nunca procurarmos formas efetivas de transformar o mundo. Eu sei que esta é uma visão romântica e irreal para muitos mas a história já nos mostrou mais do que uma vez a importância da luta, do protesto e dos motins. Não é altura de cruzar os braços e fugir ao assunto só porque não é nada connosco. Até porque é. É sobre o ser humano. Não basta posicionarmos-nos contra o racismo, é preciso falarmos com a nossa família e amigos sobre o assunto, é preciso ensinarmos quem não sabe como esta questão está enraizada, é preciso mudarmos as nossas atitudes, já transformadas em hábitos, que magoam, humilham e contribuem para a violência gratuita. É preciso reconhecer o privilégio que nos foi dado.

Eu não tenho a solução milagrosa para resolver o que está acontecer mas tenho ferramentas à minha disposição e tenho de usá-las. Eu não sei o que é estar na pele de quem sofre pela cor da pele. Mas sei que tenho o dever de estar ao lado para fazer ampliar a voz de quem durante séculos foi silenciado e ainda é. Se não nos manifestarmos na rua, vamos assinar petições. Se não podermos doar dinheiro vamos ler sobre o racismo (a Rita da Nova dá sugestões muito pertinentes neste post). Se não podermos ser ouvidos no parlamento ou pelos jornais, vamos mudar a nossa forma de agir (a Yolanda Tati deixou na sua página de Instagram, um vídeo com cinco dicas para ser um aliado contra o racismo e a página It's About Empathy dá-nos ferramentas utéis de apredizagem para caminharmos na direção certa). O primeiro passo é incomodarmos-nos com o que ao longo da vida temos dito e feito e que disfarçamos com o "é uma piada". As piadas não magoam, não humilham e não contribuem para a violência gratuita.

É hora de começar a mundança pelo homem e mulher que vemos no espelho. 

 


Publicado por Patrícia Caneira

20.05.20

Quando a primeira temporada chegou em 2017 fiquei completamente colcada ao ecrã. A história do suicídio de Hannah Baker tornou-se o assunto do momento e era raro conhecer alguém que não tivesse visto pelo menos um episódio. Na primeira temporada tudo gira em torno deste acontecimento e das razões que lhe deram lugar.

As imagens são brutais, não só no bom sentido mas porque são extremamente explícitas, ao ponto de me terem deixado enjoada durante longos dias. Sim, não é uma série para pequenos nem tão pouco para quem for mais sensível.

Já a segunda temporada foi uma desilusão, eu queria muito acompanhar a história mas sentia que ali estavam apenas a prolongar o que não devia ser prolongado. Mas lá terminei a esforço e na passada semana devorei a terceira temporada, essa sim, que me voltou a colar à TV. 

O que 13 Reasons Why tem é que fala de coisas que incomodam e que raramente têm lugar numa série dita juvenil. E 13 Reasons Why é muito útil por isso, não só para quem passa por dificuldades durante os terrivéis anos do secundário ou até mesmo da faculdade mas para todas as famílias que muitas vezes se sentem sem saída. 

O suícidio, a violação, o bullying, a depressão. E o amor, que pode curar ou levar a tudo isto. O que a série de Joseph Incaprera tem conseguido é explorar estes incómodos de uma forma muito direta, sem grandes segredos mas com o mistério e tensão necessários. Hoje saiu o trailer da nova e última temporada, que chega à Netflix a 5 de junho e se cumprir o que estas primeiras imagens prometem, tem tudo para acabar em grande. 

Tal como aquele grupo de miúdos gostava de saber muito mais antes de amigos perderem a vida, eu também gostava de ter visto estes episódios antes de ter crescido. Podiam ter sido catalisadores de coisas melhores, podiam ter salvo a vida de alguém que conheci pelo caminho. 

E vocês, acompanharam as últimas temporadas? 

13 Reasons Why
3 temporadas
Netflix
★★★★☆

 

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