Publicado por Patrícia Caneira
15.04.20
Somos todos menos gente,
atrás de quatro paredes,
escondidos atrás de muros.
Somos todos menos gente,
quando nos tiram o toque, o som e o calor.
Quando as ruas já não cheiram a café,
o largo já não tem pegadas
e os jardins já não são de todos.
Somos todos menos gente,
quando nos tiram a liberdade.
Ainda mais em Abril,
quando os sonhos têm cravos vermelhos,
as ruas estão cheias de palavras
e as mãos não sabem estar sem ser dadas.
Somos todos menos gente,
quando a gente se recolhe.
Mas é quando somos menos,
que se levanta o melhor de todos.
Se este Abril não tiver liberdade,
que venha Maio, Junho e Julho.
Que venham as luzes acesas nas noites quentes,
o som dos copos que brindam alegres.
Que venha o riso dos grupos de amigos,
que juntos e à frente dos muros,
se tornam novamente gente.
Somos todos menos gente agora,
mas seremos mais e melhores no depois.
Patrícia Caneira