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Ophélia

Livros. Filmes. Música. Poemas.

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Publicado por Patrícia Caneira

13.05.20

The Half Of It é a comédia romântica mais recente da Netflix e confesso que por aqui sou fã do género, principalmente quando quero muito assistir a algo mais leve e depois de uma temporada em que tudo o que vi foram policiais, séries de ficção científica e documentários dramáticos. 

the-half-of-it-7.jpg

Aventurei-me no filme sem grandes espectativas, já que este formato é comum na plataforma e nem sempre surpreendente. Quem diria que se ia tornar numa das histórias mais bonitas que já vi.

É certo que durante 1h40 assistimos a muitos clichés: um secundário onde os populares são filhos de pais ricos e bem parecidos que dificultam a vida a uma adolescente chinesa e nerd, Ellie Chu (intepretada pela belíssima Leah Lewis), encarregue de fazer os trabalhos de casa de toda a turma a troco de dinheiro, que paga as contas lá de casa. 

No entanto, é quando Paul (Daniel Diemer), um miúdo pateta lhe pede ajuda para escrever uma carta à rapariga por quem está apaixonado, Aster Flores (Alexxis Lemire), que a vida de Ellie muda completamente. À medida que se vai correspondendo com Aster, Ellie percebe que isto é muito mais do que um trabalho. E fico por aqui para não vos dar mais spoilers.

Acho que a magia deste filme é que vai contra tudo o que estamos à espera. Apresenta-nos uma cinematografia bonita, um diálogo carregado de referências literárias e uma visão do amor que não é comum nestes filmes. Esta é uma história sobre nem sempre sermos amados pela pessoa que amamos, que ganha pelo seu caminho até mais do que pelo final, que nos ensina de forma simples e discreta isto de existirmos no mundo.

E por aí, já viram The Half Of It? O que acharam? 

The Half Of It
Alice Wu
Comédia Romântica
1h44
★★★★☆


Publicado por Patrícia Caneira

09.05.20

Acho que já perceberam, por algumas dicas que vou deixando aqui e ali, que sou estudante de Comunicação, mais especificamente de Jornalismo. E que isso influencia bastante a forma como descubro coisas ou opino sobre elas. Foi assim que me chegou às mãos na última semana o filme biográfico Veronica Guerin.

veronica-guerin.jpg

Lançado em 2003, o filme está disponível para alugar e comprar no Youtube e conta a história verídica de uma jornalista que se tornou um ícone por investigar os barões de droga de Dublin e as suas relações com o IRA. Entre artigos publicados que denunciavam nomes e alcunhas, Veronica tinha encontros com traficantes que em troca do seu silêncio lhe revelavam novos detalhes. As coisas complicam-se à medida que a investigação avança e depois de ameaças e espancamentos, a jornalista acaba assassinada. 

Este é um final que se espera desde o ínicio porque todas as peças do puzzle nos indicam a fatalidade da história, mas o desfecho final ganha por ter trazido a público o nome de todos os envolvidos no tráfico que acontecia nas ruas irlandesas, incluindo o do cabecilha do grupo. Todos foram condenados e no ano seguinte, a taxa de crime em Dublin reduziu 50%. 

Uma história que fala de coragem e determinação. Este é o exemplo claro de uma mulher que coloca a verdade acima de tudo, mesmo quando isso significa arriscar a sua vida e a da sua família. É um daqueles exemplos que nos mostra a versão romântica do jornalismo, a busca pelos factos, mesmo quando tudo à nossa volta nos quer calar. 

Foi por esta versão romântica que me aventurei no jornalismo. Esta profissão que tem como regra não ter medo e informar, mesmo o que incomoda. Quer dizer, principalmente o que incomoda. Claro que não iremos falar aqui, do que atualmente é o jornalismo e de todos os problemas que levariam a profissão à terapia. Mas quero acreditar que há por aí muitas Veronicas Guerin, que até eu um dia poderei ser uma. Se assim não fosse, não fazia sentido continuar no barco. 

Já conheciam a história de Veronica Guerin? 

Veronica Guerin
Joel Schumacher
Biográfico
1h38


Publicado por Patrícia Caneira

08.04.20

Milagre na Cela 7.jpgHá muito tempo que não me deitava tão tarde agarrada a um filme. E também confesso que há muito tempo que não chorava assim frente a uma televisão (e olhem que sou muito chorona). Mas o Milagre na Cela 7 chegou à Netflix para nos lembrar que o bom da arte é que nos fazer sentir coisas e foram tantas as que senti durante duas horas de filme.

Pena, raiva, tristeza, compaixão. O filme turco da Netflix lança para o pequeno ecrã a história de vida de Memo, um pai solteiro com deficiência cognitiva que vive com a filha Ova e a avó Fatma, durante a década de 1980. Após a morte acidental da filha de um comandante do exército, Memo é acusado de homícidio, preso e condenado a pena de morte. 

Este é um prato cheio para quem gosta de um bom drama, desde a violência prisional a que Memo é sujeito, à tristeza de uma criança que vê o pai ser descriminado e incompreendido. Milagre na Cela 7 é mais do que uma luta desmedida para provar a inocência de um bom homem, é mais do que perceber o que levava os homens à prisão, desde a busca por um sítio onde ficar no Inverno até ao suícidio. Este é também um filme que nos acerta como um murro no estômago no que toca a pensar sobre a pena de morte, que apenas em 2008 foi abulida na Turquia. 

A magia deste filme, que rapidamente se tornou num dos mais incrivéis que já vi, está na dinâmica do enrendo e na força dos atores que ocupam o ecrã, com destaque para Bulut Iynemli, no papel de Memo, de Nisa Sofiya Aksongur que interpreta a filha Ova e também de Ilker Aksum (que tomou conta do papel do meu personagem favorito), o representante da cela 7 que rapidamente se apercebeu da inocência de Memo e moveu mundos e fundos para que se apercebessem disso na prisão. 

São mais de duas horas de filme, mas quem disser que se apercebeu do tempo a passar está a mentir. Até porque estas serão duas horas que valem muito a pena. Mais do que uma história que nos grita que o amor vence tudo, que nos mostra que os laços entre um pai e uma filha podem ir até ao fim do mundo, esta também é uma lição de história, que nos relembra da importância da bondade e do perdão.

Aviso de amiga: tenham um pacote de lenços na mão, vai dar jeito até ao membro mais durão da família.

Milagre na Cela 7
Mehmet Ada Öztekin
Drama
2h12
★★★★★

 


Publicado por Patrícia Caneira

01.04.20

adoraveis-mulheres-filme.jpg

Aos 12 anos, debaixo da árvore de Natal estava um embrulho que denunciava o presente. O livro trazia na capa tecidos antigos e colares de pérolas e o título escrito a negro "Mulherzinhas". Talvez na altura os meus interesses fugissem um pouco do que ali estava escrito mas com o passar dos anos, Louisa May Alcott tornou-se uma escritora incrível, que ali punha uma história incrível sobre o que é isto de ser mulher.

 
Este ano, o livro de 1868 transformou-se em sétima arte pela sétima vez e para os que estavam reticentes na fidelidade e cuidado da adaptação, Greta Gerwig conseguiu-o com mestria e o resultado está à vista. A academia nomeou "Mulherzinhas" para Melhor Filme, Melhor Atriz com Soarise Ronan, Melhor Atriz Secundária com Florence Pugh, para Melhor Guião Adaptado, Melhor Banda Sonora e ainda Melhor Guarda-Roupa.
 
O filme conta a vida das irmãs March, muito unidas e igualmente distintas entre si. Meg, interpretada por Emma Watson que se distinguiu no cinema na saga Harry Potter, é a irmã mais velha e equilibrada, Beth (Eliza Scalen) é a mais bondosa das quatro, Amy (Florence Pugh) a irmã mais nova, destacada pela sua beleza e espírito de bon vivant. Por fim, a figura central da história, a irreverente, revolucionária e sonhadora Jo, que Saoirse Ronan interpreta na perfeição. 
 
Não só a história é emocionante, como a realizadora Greta Gerwig conseguiu trazer ao grande ecrã os detalhes mais específicos da época, desde as paisagens, aos detalhes e ao guarda-roupa, tudo encaixa de forma fluída no romance que apaixonou jovens e adultos por todo o mundo. Contrariamente ao livro, que tem uma coerência temporal bem marcada, a sétima adaptação ao cinema traz saltos temporais, entre 1861 e 1868, que tornam a história mais ágil e interativa. 
 
Do elenco, fazem ainda parte Laura Dern no papel de mãe, Meryl Streep que interpreta de forma sarcástica e bem definida a tia rica e solteira da família, Bob Odenkirk, Timothée Chamalet e Louis Garrel. A evidência de que a história gira em torno de Jo e da sua necessidade de contrariar o que é expectável para as mulheres, nenhuma personagem secundária é esquecida, bem pelo contrário, todas as personalidades são bem preparadas e encaixam na medida certa com o decorrer do filme.
 
Numa altura em que o empoderamento feminino está nas bocas do mundo, ainda com um longo caminho a percorrer, ver esta luta tão presente num romance do século XIX é um dos mais bonitos presentes. Louisa May Alcott, a autora original do livro, inspirou a obra na sua própria história e outro dos momentos irresistíveis do filme são as cenas finais em que assistimos ao fabrico e impressão do próprio romance, que aqui aparece como se fosse de Jo. 
 
"Mulherzinhas" retrata a vida de muitas mulheres diferentes, mas o que aprendemos com a história é que todas temos um pouco de cada uma delas em nós, a paixão de Meg, a beleza de Amy, a bondade de Beth e sobretudo a independência de Jo. 
 
Mulherzinhas
Greta Gerwig
Baseado na obra de Louisa May Alcott
Drama/Romance
134 min
★★★★☆

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