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Ophélia

Livros. Filmes. Música. Poemas.

Ophélia

Livros. Filmes. Música. Poemas.


Publicado por Patrícia Caneira

22.04.22

Hoje celebra-se o Dia Mundial do Livro e uma das minhas grandes preocupações enquanto leitora é saber que nunca conseguirei ler todos os livros que existem no mundo. Nem mesmo os bons!

Mas contrariando esta pressão e apreciando a viagem que deve ser a leitura não deixo de achar piada às várias listas de livros que devemos ler que pautam a Internet. E por isso decidi perceber em que ponto estou nos tais 100 livros que devemos ler durante a nossa vida, lista elaborada pela plataforma Goodreads

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  1. Mataram a Cotovia - Harper Lee
  2. Orgulho e Preconceito - Jane Austen
  3. O Diário de Anne Frank - Anne Frank
  4. 1984 - George Orwell
  5. Harry Potter e a Pedra Filosofal - J.K. Rowling
  6. O Senhor dos Anéis - J.R.R. Tolkien
  7. O Grande Gatsby - F. Scott Fitzgerald
  8. A Teia de Carlota - E.B. White
  9. Mulherzinhas - Louisa May Alcott
  10. O Hobbit - J.R.R. Tolkien
  11. Fahrenheit 451 - Ray Bradbury
  12. Jane Eyre - Charlotte Bronte
  13. E Tudo o Vento Levou - Margaret Mitchell
  14. A Quinta dos Animais - George Orwell
  15. À Espera no Centeio - J.D. Salinger
  16. As Aventuras de Huckleberry Finn - Mark Twain
  17. As Serviçais - Kathryn Stockett
  18. As Vinhas da Ira - John Steinbeck
  19. O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa - C.S. Lewis
  20. Os Jogos da Fome - Suzanne Collins
  21. A Rapariga que Roubava Livros - Markus Zusak
  22. O Deus das Moscas - William Golding
  23. O Caçador de Pipas - Khaled Hosseini
  24. Noite - Elie Wiesel
  25. Hamlet - William Shakespeare
  26. História de Duas Cidades - Charles Dickens
  27. Um Atalho no Tempo - Madeline L’Engle
  28. À Boleia pela Galáxia - Douglas Adams
  29. Um Conto de Natal - Charles Dickens
  30. Ratos e Homens - John Steinbeck
  31. O Jardim Secreto - Frances Hodgson Burnett
  32. Romeu e Julieta - William Shakespeare
  33. A História de Uma Serva - Margaret Atwood
  34. Admirável Mundo Novo - Aldous Huxley
  35. O Principezinho - Antoine Saint-Exupery
  36. O Pedaço que Falta - Shel Silverstein
  37. O Monte dos Vendavais - Emily Bronte
  38. The Giver - O Dador de Memórias - Lois Lowry
  39. Anne of Green Gables - L.M. Montgomery
  40. Macbeth - William Shakespeare
  41. As Aventuras de Tom Sawyer - Mark Twain
  42. Harry Potter e os Talismãs da Morte - J.K. Rowling
  43. Frankenstein - Mary Shelley
  44. A Biblia 
  45. Os Homens que Odeiam as Mulheres - Stieg Larsson
  46. O Conde de Monte Cristo - Alexandre Dumas 
  47. A Culpa é das Estrelas - John Green
  48. A Cor Púrpura - Alice Walker
  49. A Leste do Paraíso - John Steinbeck
  50. A Tree Grows in Brooklyn - Betty Smith
  51. Catch-22 - Joseph Heller
  52. A Sangue Frio - Truman Capote
  53. The Stand - A Dança da Morte - Stephen King
  54. Alice no País das Maravilhas - Lewis Carroll
  55. Era Uma Vez em Watership Down - Richard Adams
  56. Anna Karenina - Leo Tolstoy
  57. O Jogo Final - Orson Scott Card
  58. Grandes Esperanças - Charles Dickens
  59. Rebecca - Daphne du Maurier
  60. Memórias de Uma Gueixa - Arthur Golden
  61. As Aventuras de Sherlock Holmes - Arthur Conan Doyle
  62. Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban - J.K. Rowling
  63. O Velho e o Mar - Ernest Hemingway
  64. A Guerra dos Tronos - George R.R. Martin
  65. The Princess Bride - William Goldman
  66. Charlie e a Fábrica de Chocolate - Roald Dahl
  67. A Vida de Pi - Yann Martel
  68. Os Pilares da Terra - Ken Follett
  69. Os Miseráveis - Victor Hugo
  70. A Letra Escarlate - Nathaniel Hawthorne
  71. Drácula - Bram Stoker
  72. Harry Potter e o Príncipe Misterioso - J.K. Rowling
  73. Os Jogos da Fome: Em Chamas - Suzanne Collins
  74. Água aos Elevantes - Sara Gruen
  75. O Corvo - Edgar Allen Poe
  76. A Vida Secreta das Abelhas - Sue Monk Kidd
  77. Outlander: A Viajante Do Tempo - Diana Gabaldon
  78. Cem anos de Solidão - Gabriel Garcia Marquez
  79. The Poisonwood Bible - Barbara Kingslover
  80. Terra Abençoada - Pearl S. Buck
  81. A Mulher do Viajante no Tempo - Audrey Niffenegger
  82. A Odisseia - Homero
  83. Celebrating Silence - Sri Sri Ravi Shankar
  84. A Prayer for Owen Meany - John Irving
  85. As Dez Figuras Negras - Agatha Christie
  86. A Vida Imortal de Henrietta Lacks - Rebecca Skloot
  87. Pássaros Feridos - Colleen McCullough
  88. O Castelo de Vidro - Jeannette Walls
  89. Os Jogos da Fome: A Revolta - Suzanne Collins
  90. The Things They Carried - Tim O’Brien
  91. A Estrada - Cormac McCarthy
  92. O Décimo Primeiro Mandamento - Abraham Verghese
  93. Os Irmãos Karamazov - Fyodor Dostoevsky
  94. Siddhartha - Hermann Hesse
  95. Beloved - Toni Morrison
  96. Helen Keller: A História da Minha Vida - Helen Keller
  97. The Phantom Tollbooth - Norton Juster
  98. From the Mixed-up Files of Mrs. Basil E. Frankweiler - E.L. Konigsburg
  99. Em Parte Incerta - Gillian Flynn
  100. Crime e Castigo - Fyodor Dostoyevsky

 

Chego assim à conclusão que da lista li apenas 13 livros dos 100 recomendados e claro que há muito a dizer sobre isto. Em primeiro lugar sobre a lista, que para mim não é consensual, mas claro que nenhuma o é e para cada leitor existem livros que obrigatoriamente deveriam estar numa lista deste género. No meu caso senti falta de ver A Metamorfose de Franz Kafka ou o Travessuras da Menina Má de Mario Vargas Llosa, já para não falar de autores portugueses que para mim são incontornáveis, como Fernando Pessoa e José Saramago.

No entanto, estas listas são importantes porque também nos dão a conhecer obras das quais nunca tinhamos ouvido falar e confesso que algumas destas entraram já para a minha lista, como A Tree Grows in Brooklyn, o Beloved e o The Things They Carried. Outros já estão na estante a aguardar pelo meu tempo como o Diário de Anne Frank e o Jane Eyre. 

E existem outros que apesar de nunca ter lido já vi a adaptação, seja em filme ou em série, como a saga Harry Potter e a saga Jogos da Fome, O Grande Gatsby, O Hobbit, As Serviçais, Romeu e Julieta, A História de Uma Serva, A Guerra dos Tronos, Charlie e a Fábrica de Chocolate, A Vida de Pi, Os Miseráveis e Em Parte Incerta. 

De uma forma honesta e mesmo acreditando que ainda vou viver muitos anos, sei que não irei ler todos os livros da lista, nem de outras parecidas. E o mais bonito de existirem tantos livros no mundo é que podemos fazer escolhas mesmo sabendo que eventualmente vamos perder grandes histórias. Até porque muitas outras vamos ganhar pelo caminho.

Agora passo a bola para esse lado, quantos livros já leram por aí desta lista?



Publicado por Patrícia Caneira

30.03.22

2022 tem sido verdadeiramente generoso no que toca a livros novos na estante. Claro que são mais os que estão em lista de espera do que aqueles que tenho tempo para ler mas isso são outros quinhentos! Entre a coleção Romances Eternos, a promoção da Bertrand e o meu aniversário, consegui juntar num cestinho alguns dos livros que estava mais ansiosa por ler este ano!

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O primeiro que comprei não faz parte desta lista porque na verdade já o tinha lido no verão passado, no entanto, tinha sido um empréstimo da biblioteca da minha prima e eu queria muito tê-lo na minha. Claro que a coleção Romances Eternos e o simpático preço de 2,95€ foi o plano perfeito para comprar a bonita edição de Orgulho e Preconceito de Jane Austen. 

Ora quando este livro me chegou às mãos e pude reparar na bonita capa dura e ilustrações que trazia, decidi que iria comprar mais alguns livros da coleção e vieram assim parar cá a casa dois romances históricos que me sentia na obrigação de ler: O Monte dos Vendavais de Emily Brontë que me tem ocupado as últimas semanas e Jane Eyre da irmã Charlotte Brontë. 

Depois chegou o meu aniversário e com ele vieram dois livros que já faziam parte da lista há algum tempo. Em forma de poesia chegou o Constelação da Sónia Balacó, que já li e vos falei aqui e ainda A Amiga Genial de Elena Ferrante. 

A semana passada, para desgosto da minha carteira e extremamente motivada pelas sugestões do Livra-te, decidi aproveitar as promoções da Bertrand e comprar dois livros que já toda a gente leu menos eu. Mas não se assustem esses corações, é desta que vou fazer parte da sociedade e aventurar-me em dois dos grandes sucessos dos últimos dois anos. Normal People de Sally Rooney e The Seven Husbands of Evelyn Hugo de Taylor Jenkins Reid são também o meu regresso às leituras em inglês e sinto que não me vou desiludir. 

Agora é só colocar mãos à obra, ou melhor, olhos aos livros. 

E desse lado, já leram alguma destas obras? O que acharam?


Publicado por Patrícia Caneira

21.03.22

Não havia dia mais bonito para terminar este livro que o Dia Mundial da Poesia. Antes de ser fã de ficção já eu era fã de poesia, encontrar Fernando Pessoa transformou a minha forma de olhar para a vida e o meu gosto pela escrita. Antes de sonhar ser jornalista, escrevi muitos poemas, alguns guardei na gaveta e outros publiquei, no alto dos meus 18 anos, num pequeno livro chamado Ponto e Vírgula

Quando comecei a ler os poemas soltos que a Sónia Balacó ia deixando algures nas redes, percebi que precisava de lê-los todos. E sorte a minha, apareceu-me o Constelação como presente de aniversário. A Sónia é hoje, juntamente com a Filipa Leal, a minha poeta (sim, poeta) favorita. Segue as linhas com liberdade, sem versos contados, sem rimas e sem métricas. E este Constelação reúne alguns dos poemas mais bonitos que já li. Fica apenas um ilustrado mas não posso deixar de vos pedir que leiam o Faz mais sentido que as coisas desaparecam à noite, o poema da página 32 e o poema da página 90

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Há quem diga que os poetas não servem para nada. Eu cá acho que não seria nada sem os poetas. 

Constelação
Sónia Balacó
113 páginas 
★★★★★


Publicado por Patrícia Caneira

18.03.22

Eu não ouvia podcasts. Desculpem dizê-lo desta forma tão fria que pode afetar os mais sensíveis mas é a mais pura realidade. Não conseguia entender bem o fenómeno e os que ouvia de quando em vez em episódios soltos vinham sempre acompanhados do respetivo vídeo. Mas na luta por tornar as minhas viagens de carro menos aborrecidas e sendo uma fã assumida do blog da Rita da Nova decidi experimentar o Livra-te, um podcast que junta a Rita à Joana da Silva e o onde o tema são, claro está, livros. 

E foi assim que desde a semana passada as quartas e sextas se tornaram os meus dias preferidos, só por saber que posso vir até Lisboa na companhia do Livra-te. E meus amigos, o fenómeno conquistou-me de tal maneira que ando agora a consumir 3 a 4 episódios por viagem. É maravilhoso ouvir as sugestões (e confissões) e chega a uma altura em que até sinto que estou numa conversa de amigas, em que lhes respondo com as minhas opiniões ou fico com a lágrima no canto do olho por não partilharem a minha opinião sobre alguns dos meus livros favoritos.

De qualquer forma não podia ser egoísta e guardar este tesouro só para mim. Partilho por isso, em jeito de sugestão, o meu episódio favorito até agora, daqueles que me fizeram ficar mais 10 minutos no carro já depois de chegar a casa.

No entanto, antes que acabem todos os episódios que ainda tenho para ouvir e tenha de ficar em modo ressaca, queria saber se por aí são fãs de podcasts e o que é que aconselham a quem entrou agora neste maravilhoso mundo novo.

Fico a aguardar as vossas sugestões!


Publicado por Patrícia Caneira

15.03.22

Já fazia parte da minha lista há alguns anos, principalmente depois de ler o emblemático 1984 de George Orwell. Mas confesso que foi a sugestão da Vera que me levou a ir em busca desta obra às bibliotecas mais próximas (que é como quem diz às estantes de amigos e conhecidos). E assim foi. Em poucos dias tinha na mão uma edição de 2017 da revista Visão, traduzida por Paulo Faria. 

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O livro começa com uma breve nota do tradutor que justifica a escolha do título Quinta dos Animais, mais fiel ao original Animal Farm, em vez daquele presente na edição portuguesa de 1976: O Triunfo dos Porcos. Devo confessar, caro tradutor, que não partilhamos da mesma opinião e que depois de ler o livro fiquei bastante triste por não ser este último o título escolhido. 

E é em jeito de fábula que Orwell apresenta uma crítica à União Soviética de Estaline. A história fala da Quinta do Infantado onde viviam vários animais a mando do Sr. Reis. Certo dia, cansados de trabalhar e ver a sua ração e qualidade de vida reduzida, decidem colocar em marcha uma revolução que tinha como objetivo expulsar o Sr. Reis e tornarem-se eles mesmos donos da quinta. Assim, todos seriam recompensados pelo seu trabalho, nunca faltaria comida, tinham até direito a dias de folga e a uma reforma descansada.

As criaturas de fora olhavam de um porco para um homem, de um homem para um porco e de um porco para um homem outra vez; mas já se tornara impossível distinguir quem era homem, quem era porco.

Mas quando a revolução toma lugar e a quinta passa a ser gerida por Napoleão (um dos porcos mais respeitados da quinta), as promessas e ideias originais dão lugar a benefícios para os porcos - autointitulados os mais inteligentes, encarregues de pensar e escrever. E claro, menos direitos para todos os outros animais, que começam a sentir com força a fome, o frio e o medo. 

É então em jeito de sátira que Orwell constrói esta história, com um desenrolar e um final não muito diferente daquele a que muitas vezes somos expostos como humanos. Li a obra ainda antes de rebentar a guerra na Ucrânia. Infelizmente faz agora mais sentido. 

A Quinta dos Animais
George Orwell

156 páginas
★★★★☆

Fica para banda sonora uma das canções do grande álbum Animals, lançado em 1977 pelos Pink Floyd.

 


Publicado por Patrícia Caneira

01.02.22

Isto Acaba Aqui de Colleen Hoover ou como ficar de coração partido após 336 páginas, foi o segundo livro que li este ano e... meu deus! Se eu achava que já conhecia todas as manifestações de sentimentos que existem, com esta obra aprendi umas quantas outras! Dei por mim a rir à gargalhada, a levantar a sobrancelha em jeito desconfiado e a chorar compulsivamente como se aquela história fosse minha. E é. É de todas nós. 

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Esta é talvez uma das obras mais conhecidas da autora, que não parava de me aparecer como sugestão em tudo o que era rede social. E talvez por isso, e também por ter gostado de Verity, foi a minha escolha para ler nos últimos dias de janeiro. E não será surpresa depois do meu primeiro parágrafo dizer-vos que adorei!

A essência de Colleen Hoover é esta, romances com personagens comuns e histórias que envolvem amor, drama, perda e dor. Isto Acaba Aqui (ou It Ends With Us, na sua versão original) conta a história de Lily Bloom, uma jovem de vinte e cinco anos que acaba de se mudar para Boston após a morte do seu pai, com quem mantinha uma relação fria e distante marcada pela violência doméstica de que a mãe fora vítima. E é no dia do funeral, que conhece o neurocirurgião Ryle, um homem que Lily montou como perfeito: bonito, rico, inteligente. Tudo parecia alinhar-se nos astros - os dois envolvem-se,  Lily abre o seu negócio de sonho e Ryle é escolhido para fazer uma cirúrgia de risco que lhe iria garantir um currículo invejável. Até que numa noite com vinho a mais as reações de Ryle começam a indicar sinais vermelhos.

E, por muito difícil que esta escolha seja, quebramos o padrão antes que o padrão nos quebre a nós. (...) Os ciclos existem porque é extremamente doloroso quebrá-los. É necessária uma quantidade astronómica de dor e de coragem para quebrar um padrão que nos é familiar. Por vezes, parece mais fácil continuar a funcionar de acordo com os mesmos ciclos que já são familiares, ao invés de enfrentar o medo de dar o salto e de possivelmente não aterrar de pé.

A partir desse momento embarcamos na dura vida de Lily, uma filha de um agressor que desde sempre questionou como a mãe nunca o deixou, a ex amante de um sem-abrigo que agora está em Boston e é um reconhecido chef e a mulher de um homem perfeito, que diz que a ama logo depois de a agredir. Esta viagem, é intensa e deixa-nos com um sabor amargo na boca quando vemos que mesmo reconhecendo o padrão, Lily não consegue fugir.

O final do livro traz consigo um epílogo, onde Colleen Hoover explica o que a motivou a escrever este livro, como uma homenagem mas também um esforço de tentar calçar os sapatos de quem vive esta luta diariamente.

É uma história que surge como um soco, que nos envolve e nos recorda que a violência doméstica está presente. Por vezes somos os personagens principais e por vezes somos meros figurantes. Mas todos, sem exceção, devemos ser uma porta aberta para quem precisar de sair. 

A quem precisar dela: Linha de apoio à vítima - 116 006

Isto Acaba Aqui
Colleen Hoover
336 páginas
★★★★★

 


Publicado por Patrícia Caneira

21.01.22

O final de semestre para mim é sempre caótico, passem os anos que passarem, o mês de janeiro envolve sempre muita dedicação, concentração e confesso, alguma ansiedade.

Por essa mesma razão sinto a necessidade urgente de ler e escrever sobre outras coisas. E nada melhor para desanuviar do que vir aqui falar-vos do primeiro livro do ano: Verity. Pois é, rendi-me à autora da moda, a maravilhosa Colleen Hoover e embarquei a minha primeira leitura com o livro que lhe foge mais à regra e que nos chega em jeito de thriller.

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 A primeira coisa que me fascinou, e que tenho descoberto ao longo do tempo, é que gosto de leituras fáceis. Não digo que não seja desafiante ler Vargas Llosa ou Saramago de quando em vez, mas confesso que já lá vai o tempo em que sentia algum tipo de vergonha por me saber muito bem ler coisas mais leves, de linguagem fluída e que não têm um caratér de leitura alternativa intelectual. Sim, porque para isso já me bastam as centenas de artigos científicos que leio por mês. 

E foi mesmo essa facilidade de leitura que me permitiu acabar o Verity em pouco mais de uma semana, aproveitando as pausas no estudo e o sol de Inverno que tem tomado conta do mês de janeiro.

As personagens são interessantes e o plot twist também se torna delicioso porque não é bem aquele que suspeitamos desde o ínicio do livro. Ou melhor, o que suspeitamos, pelo menos pelas opiniões que tenho lido, também acontece mas há mais emoção naquele final do que se previa. E isso agrada-me. Confesso que me lembrou várias vezes os livros da Paula Hawkins de quem também gosto muito, sendo que ao nível do thriller parece-me que A Rapariga no Comboio e o Em Águas Sombrias estão num patamar bastante acima. 

Verity conta a história de Lowen Ashleigh, uma escritora com pouca confiança no seu trabalho que decide aceitar o desafio de terminar uma famosa série de livros da autora Verity Crawford, que ficou incapacitada depois de um acidente grave. Para conseguir escrever como ela e dar continuidade aos livros, Lowen muda-se para a casa da escritora, onde vivem também o marido e o filho. É então que no meio das memórias de Verity, Lowen encontra uma biografia que a deixa noites a fio sem dormir e a desconfiar que algo ali está mal explicado. Na luta por perceber os seus sentimentos (amor, culpa e desejo), Lowen enfrenta ainda históricas traumáticas, muitas vezes dificeis de perceber se aconteceram na realidade ou são apenas uma desejo literário que ficou por publicar. 

Um escritor nunca deve ter a audácia de escrever sobre si mesmo, a menos que esteja disposto a separar cada camada de proteção entre a sua alma e o seu livro.

De uma maneira geral, gostei bastante deste livro, não só porque me prendeu à história ansiando o que vinha depois mas também porque me fez imediatamente comprar um outro da mesma autora e isso meus caros, é talento. Por isso mesmo, vou já a meio do Isto Acaba Aqui, um romance muito mais focado nas origens de Colleen Hoover e do qual estou a gostar ainda mais.

Fica o restante feedback para quando terminar mas já me sinto na legitimidade de afirmar que Colleen Hoover veio para ficar e que poucos serão os leitores que não quererão passar os olhos numa das suas obras. Pelo menos deste lado, sinto que não me ficarei pela segunda.

E por aí, já leram alguma coisa da autora? O que recomendam? 

Verity
Colleen Hoover
320 páginas
★★★★☆


Publicado por Patrícia Caneira

12.01.22

Pois é, regressei!

Passado quase um ano, eu sei, mas olhem que a vergonha é certamente mais minha do que vossa. 2021 foi o ano em que a palavra trabalho se sobrepôs a muita coisa. E não quer isto dizer que a recompensa não tenha sido boa. 

De uma forma resumida: arranjei trabalho, terminei a minha tese de mestrado, entrei no doutoramento, reduzi a carga horária do meu trabalho para part-time, entrei em três projetos de investigação. E por aqui tenho andado entre artigos científicos, muitas horas ao computador e pouco tempo para relaxar. No entanto, não me posso queixar. Estes eram os meus objetivos do ano e foi bonito vê-los chegar (todos a seu tempo) e poder brindar com quem não saiu do meu lado. 

Ora com tudo isto e uma pandemia, poucos foram os livros - tenho até vergonha de quantificar quão poucos - que li. E no campo dos filmes e séries a coisa também não esteve melhor. Em minha defesa, li muito. Li mais do que alguma vez tinha lido. Só não foi ficção, já que os títulos académicos fazem agora parte do meu dia-a-dia. Mas lamúrias e desculpas à parte, mesmo assim consigo trazer-vos, em jeito de resumo, algumas das coisas que marcaram o meu ano. 

Música do ano 

Hope There's Someone - Antony & The Jonhsons

Poema do ano

In "Constelação" de Sónia Balacó

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Série do ano

La Casa de Papel

E com estes tesouros, que tornaram o meu ano em algo mais leve e positivo, fica o desejo de tentar escrever mais, ler mais, ouvir mais, ver mais, conhecer mais, viajar mais e mesmo que nem sempre seja consensual, trabalhar mais. 

Um 2022 com bons amigos, saúde e muita comida na mesa!

 

 

 

 

 


Publicado por Patrícia Caneira

23.01.21

E pimbas! Estamos confinados outra vez. Por aqui estou em casa já desde o Natal, quando terminei o meu contrato de trabalho que viria a ser substituído por outro mais alargado no final deste mês mas tenho plena noção que no meio de tantas medidas e ajustamentos tal pode não acontecer. Felizmente tenho a sorte de poder ficar por casa enquanto me dedico a 100% à tese. Sei que não existem muitos como eu e que estes são mesmo tempos dificeis, por isso, para os que os atravessam com maior penumbra, muita força!

No entanto, estar com saúde (pelo menos por enquanto), ter um tecto e uma vida estável por vezes não chega e o confinamento trouxe consigo alguns medos e ansiedades que se manifestam principalmente em mau estar físico, dificuldade de concentração e pouca produtividade. Mas isto não é sinal para abrandar e deixar-me ir com a corrente, pelo contrário. Nos últimos dias tenho tentanto encontrar formas de confinar melhor e como sei que não estou sozinha nisto de não saber viver na incerteza, deixo-vos três coisas que me têm feito muito bem nesta nova quarentena. 

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10 minutos de yoga 

Descobrir o canal da Yoga With Kassandra foi quase um milagre para mim. Não consigo correr com o frio e estar o dia todo sentada à secretária era algo que me incomodava, até porque se torna o cenário perfeito para ganhar peso e essa é uma barreira que não quero cruzar. Assim propus-me a todos os dias de manhã, depois do pequeno-almoço acompanhar um dos vídeos da Kassandra e fazer cerca de 10 minutos de yoga. Não só me ajuda a ganhar energia e relaxar o corpo como também é das melhores atividades para a minha mente inquieta. Existem muitos vídeos de curto tempo e próprios para iniciantes por isso ninguém precisa de ser pró para experimentar. 

Ouvir música nova

A música é o melhor remédio e contra factos não há argumentos mas das coisas que mais gosto é o desafio de procurar músicas novas que realmente se encaixem com o meu estado de espírito. Neste momento o galardão vai para Jackson Browne e a sua maravilhosa "Late for the sky" e também para Dispatch e a música que tenho ouvido em loop "Year of the woman". 

Ler, ler, ler

Óbvio que isto não é uma dica inovadora, muito menos para quem me lê e para comigo mesma mas se há coisa que me ajuda a viajar nestes dias de confinamento e chuva são os livros. Impulsionada pelo desafio de janeiro da Rita da Nova, comecei a ler o Mataram a Cotovia, uma obra pertinente e necessária que já estava na minha lista há muito tempo e que até agora me tem tirado todos os dias um bocadinho da realidade. 

E vocês o que têm feito para aguentar o barco?


Publicado por Patrícia Caneira

15.01.21

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O meu primeiro livro de 2021 é também o último de 2020, o que é uma pequena vergonha mas também uma grande vitória. Recebi A Mulher Que Correu Atrás do Vento de João Tordo como presente de aniversário em março do ano passado mas só em setembro o comecei a ler. Já andava a namorar a obra e queria muito ler algo do autor por ouvir coisas tão boas a seu respeito, no entanto, assim que vi o tamanho do livro sabia que ia ser um desafio para mim já que não sou de "calhamaços". 

Para mim os livros devem ter um tamanho médio, o suficiente para me envolver na história mas também o ideal para não me deixar arrastar nas páginas. E por isso demorei mais tempo, mais precisamente alguns meses. Mas atenção, tamanho à parte sinto-me segura em dizer que este foi dos melhores livros que li até hoje. 

Estás enganada, riposta Jaime. Nós somos os nossos pais, somos o que há de pior num, e o que há de pior no outro. 
E porque não o melhor? 
Porque, se a vida fosse assim, já seriamos perfeitos. A raça humana tem milhões de anos. Não achas que, se os filhos fossem o melhor dos pais, e os filhos desses filhos também, e assim por diante, a evolução teria ido noutro sentido?

A Mulher Que Correu Atrás do Vento conta a história de quatro mulheres: Lisbeth, Beatriz, Graça Boyard e Lia, que existem em décadas diferentes mas que têm um destino que as une a todas, muitas vezes sem saberem. Os capítulos são contados na voz destas mulheres que intercaladamente falam das suas chegadas e partidas, do amor que vem por vezes sob a forma de buraco sem fundo, sobre a dor de existir e sobre o facilitismo de largar a vida. 

Este é um livro extremamente completo não só porque dentro dele existem dezenas de histórias, todas bem construídas e fundamentadas mas também porque as personagens que surgem são humanas e iguais a todos nós. As referências literárias e musicais de João Tordo que aparecem ao longo das páginas provam também que este merece (e muito) ser um dos autores portugueses de maior destaque. 

O final vem em jeito de relato pessoal, onde o autor encarna Beatriz e nos conta a razão deste romance, atirando-nos para uma reviravolta inesperada, o que em grande parte me leva a colocá-lo no Top 3 dos melhores livros que já li.

E vocês já leram esta obra? O que mais aconselham do autor?

A Mulher Que Correu Atrás do Vento
João Tordo
504 páginas
★★★★☆
 

 

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